O surgimento de “Coletivos” tem se tornando uma iniciativa cada vez mais viva em diversas cidades e comunidades espalhadas pelo Brasil e mundo, tais coletivos possuem diferentes formas de atuação,entre eles podemos citar coletivos sociais, ambientais, culturais, de eventos independentes, ativistas por igualdade, produtores de conteúdo, mídia independente,selos musicais,alimentares, beneficentes, entre outros.Dentro desta ideia de coletivos, que nada mais é do que a reunião de indivíduos que lutam por uma causa comum, surge os coletivos LGBT, eles nascem não somente como uma forma de resistência, militância e articulação de ideias, mas também uma rede de apoio, afeto e troca de conhecimento. È com este enfoco que nasce em Extrema o “Coletivo LGBT+ de Extrema”.
A ideia sobre montar um grupo de proteção à comunidade LGBT+ surgiu como resposta a memória acumulada de relatos de ameaça, humilhação social e – embora já se tenham passado alguns anos – assassinato impune na cidade de Extrema contra pessoas LGBT conhecidas. Essa resposta consistiria em atuar de forma preventiva sobre qualquer tipo de violência ou preconceito dirigido à comunidade. Estamos falando de ameaça à vida, estamos falando do país que mais mata pessoas LGBT+ no mundo.
Passaram-se meses até que a ideia começou a se concretizar em ações e propostas. Paralelamente, a prefeitura aprovou a Lei Municipal nº 3961 que declarava o dia 25/02 como sendo o dia municipal da Diversidade Cultural e Sexual. Essa lei nos trazia a oportunidade de promover uma ação dentro e para além da comunidade.
Em ano pandêmico a opção mais viável foi realizar um evento online para debater sobre aspectos jurídicos, do mercado de trabalho e assuntos ainda considerados tabus envolvendo pessoas LGBT+. O evento teve uma adesão satisfatória do público e marcou o começo de ações mais articuladas que configuraram o nascimento do Coletivo LGBT+ de Extrema.
Infelizmente, poucos meses depois dois homossexuais foram brutalmente assassinados, gerando comoção, indignação e medo. Era mais do que urgente mostrar que pessoas LGBT existem e devem ser respeitadas.
A arte foi uma das linguagens utilizadas para responder a todo esse cenário, trazendo protesto, reflexões e esperança de dias melhores. Com o apoio da secretaria de cultura do município, foi possível realizar o 1º Festival Municipal LGBTQIAP+ “Arte e Resistência” que reuniu pessoas para tratar de assuntos sérios e instigar o compromisso com ações que mudem positivamente o contexto em que elas vivem.
Mais do que isso, o festival cedeu palco para pessoas que puderam usar seus corpos como manifesto da beleza e da cultura de uma comunidade que antes quase invisível, agora poderá então mostrar-se em todas as suas cores e formas. Os participantes se mostraram felizes e gratos pela oportunidade.
Foi extremamente positivo ver como resultado a sensibilização da plateia, os feedbacks de apoio, a repercussão nas redes sociais e familiares e amigos dos artistas contentes com a entrega de cada um no evento.
O festival foi um elemento impulsionador para que as pessoas se reunissem e fosse destacado os porquês de tudo aquilo. O grupo passa a amadurecer as propostas de ações e a extensão e recursos para pôr em prática cada uma delas. Ganhar apoio da comunidade e aliados é importante, mas é um passo de uma longa caminhada. Fora da bolha ainda há discriminação, violência e ameaça a vida.
O grupo caminha para construção de uma ONG que possa ser referência e inspiração para que pessoas LGBT+ exerçam soberanamente sua cidadania e a sociedade de um modo geral comece a respeitar e assegurar os seus direitos.
Se informe, acompanhe o “Coletivo LGBT+ de Extrema” pelas redes sociais e ajude a fortalecer essa luta.