Oposição apresentará voto em separado, insistindo na tese que ataque aos três poderes não foi golpe.
Depois de cinco meses, um antes do previsto, a CPMI do 8 de janeiro está prestes a terminar. O presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), confirmou para amanhã (17), a partir das 9h, a leitura do relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Parlamentares da oposição também vão apresentar votos em separado. Assim, foi feito um acordo para que a votação do parecer ocorra apenas no dia seguinte.
Instalada em 25 de maio, a comissão teve acesso a quase mil documentos e colheu 20 depoimentos. Entre eles, os dos generais Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e Gonçalves Dias, que comandava o GSI no dia do ataque às sedes dos três poderes. Outro nome foi o do coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (e provavelmente um dos indiciados), além do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques.
Memorial da democracia
Com 900 páginas, o relatório incluirá a sugestão de criar um Memorial em Homenagem à Democracia, na área externa do Senado. Para a base governista, o texto vai ajudar nas investigações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF), criticado pela oposição. Esta vai defender que não houve tentativa de golpe, mas omissão do governo. O STF já condenou seis réus pelos ataques de 8 de janeiro.
O “depoimento” de Augusto Heleno, em 26 de setembro, rendeu publicação irônica de Eliziane na rede social X, antigo Twitter. “‘Não vi, não lembro, não participei, não estava e não li’. O depoente de hoje demonstra que estava a passeio na chefia do GSI. Mas os fatos e dados mostram o contrário. Gen. Heleno bem posicionado numa reunião do PR (presidente da República) com cúpula militar e com Mauro Cid”, afirmou a senadora, postando foto do general ao lado de Bolsonaro (abaixo).